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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Debates merecem ter menor audiência do que programa do Silvio Santos

Os debates estão chatos e inúteis porque os candidatos não querem debater. Não ache que só você se entediou com o confronto entre os dois presidenciáveis. Ninguém quer assistir a Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) como se estivessem em um programa mundo cão da televisão. Mas, receosos dos danos à imagem e à campanha, ambos candidatos restringem o debate o máximo que podem, porque querem controlar o máximo de seus efeitos.
O engessamento começa pelas regras. Um pergunta sobre A e outro responde sobre B. Na réplica e na tréplica, um continua a falar de A e o outro de B. Se houvesse a possibilidade de um mediador efetivo, ele poderia interromper o candidato e dizer que não está colaborando com o eleitor ao fugir do tema proposto. Seria mais interessante, não?
A participação de jornalistas, cujo preparo não é uniforme, facilita a hierarquização de temas, a premência da atualidade se impõe e permite que temas não abordados sejam priorizados em relação aqueles já discutidos. No caso Aécio-Dilma, não é possível que se fale de creches e escolas profissionalizantes toda vez que se aborde educação. Foram três debates e nas três vezes os dois candidatos mantiveram-se nesses tópicos, quando abordaram educação, com pequenas variantes das confeitarias do discurso.
As emissoras de televisão contribuem para a ineficiência dos debates. Primeiro tratam os confrontos como se fossem únicos. Mas não são. Acontecem em sequência. Para candidatos e eleitores, os debates são continuação dos anteriores. Os temas e formatos deveriam mudar de confronto a confronto. O objetivo é revelar ideias, formações e propostas de cada um. É possível utilizar novas formas de questionamento. Nesta campanha, o mais interessante foi a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) ter oferecido a diversos bispos a possibilidade de fazerem questionamentos. Pena que as questões mais importantes, como corrupção, aborto e drogas, foram direcionadas a candidatos inexpressivos em razão do sorteio. O erro aqui foi a presença, exigida pela lei, dos candidatos inexpressivos. E também a não possibilidade de questionar diretamente um candidato sobre um tema que ele tenha sido omisso, sem depender do acaso.

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