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domingo, 19 de outubro de 2014

Romário exclusivo: 'Prefeito do Rio é a posição mais charmosa do país'

Rio - Eleito senador com impressionantes 4,7 milhões de votos, Romário está, é claro, marrento. Mas muito menos do que já foi, ele mesmo confirma. Cabelo e barba cada vez mais brancos, e uma barriga saliente conquistada na campanha, o craque mostra, pela primeira vez, humildade jamais vista numa área que nunca foi a sua.

Em temas espinhosos, não mostrou a mesma intimidade que tinha com a bola e deu algumas caneladas. Mas foi autêntico como sempre — e como poucos — ao dizer vai estudar para não fazer feio e nem vai tirar o pé de divididas em assuntos como casamento gay, descriminalização das drogas e desmilitarização da PM.
A votação expressiva que teve não foi por acaso. Crítico dos gastos com a Copa, Romário sabia que seria eleito, mas não colocou salto alto, nem chinelinho, como se diz no futebol. Ele foi a campo e correu o estado todo com uma disposição inimaginável. Resultado: ganhou de goleada. Agora, diz que não mira a prefeitura, mas também não descarta. “Se a população achar que eu posso ajudar como prefeito, posso pensar...”, dá a deixa.

Veja a íntegra da entrevista com o Baixinho

O que há de errado no futebol?
Primeiro, o calendário. Ninguém aguenta jogar tantos jogos assim. Depois, o horário dos jogos. Uns muito tarde, outros muito cedo. Sem falar no preço dos ingressos, que é muito caro e isso é muito ruim. Quem manda no futebol não tem capacidade moral para mandar. Falo isso há anos, mas nunca surtiu muito efeito.
E vai continuar falando ou cansou?
Vou, sempre. E agora, no Senado, este papel será mais qualitativo do que na Câmara. Para o futebol mudar, as coisas precisam ser faladas para o povo ficar sabendo. Independentemente de quem ganhe agora, Dilma ou Aécio, que eles entendam que a CBF não é uma coisa produtiva e que tomem alguma atitude. Mas nenhum deles fala em esporte. Nem Dilma, nem Aécio, nem Eduardo Campos falava, nem Marina. O esporte é um elemento importante na nossa sociedade. Muita gente só se tornou alguém neste país graças ao esporte. Eu, por exemplo.
E você vai de Dilma ou Aécio? Já decidiu.
Não. A possibilidade de eu apoiar o Aécio no segundo turno, se ele quiser, se entender que tem que conversar comigo, é a mesma em relação ao que aconteceu com Pezão. Três itens têm que estar dentro: um centro de excelência em diagnóstico e tratamento para pessoas com doenças raras; melhorar a política de combate ao crack, especificamente nas cracolândias; e levar a prática de esporte às comunidades carentes.
A Dilma, de jeito nenhum? É o Aécio ou ninguém?
Isso, não vou apoiar a Dilma.
Mesmo com Zico e Ronaldo junto com o Aécio?
Os meus problemas com o Zico eu já resolvi. E não sou inimigo do Ronaldo. Se ele é meu, que fique com ele. Independentemente de quem estará do lado A ou B, temos que fazer o presidente, seja quem for, olhar para o Brasil, para os problemas que são muito grandes, na educação, na saúde, segurança publica, acessibilidade, mobilidade urbana. Estes são nossos problemas. As questões internas entre um e outro são irrelevantes perto do que acontece no país.

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