Páginas

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

POR QUE VOCÊ PAGA TANTO IMPOSTO E RECEBE TÃO POUCO DE VOLTA: ENTENDA O PACTO FEDERATIVO

Há uma choradeira geral entre prefeitos e governadores, todos clamando por mudança sem muito sucesso: o tal pacto federativo segue inabalável, sempre alheio à gritaria. Não é um assunto lá muito popular, capaz de mobilizar uma nação ou movimentar eleições aliás, é bem provável que só de passar os olhos sobre “pacto federativo” o leitor tenha cogitado abandonar este texto, assustado com a aspereza do assunto. Não é para tanto. 

Em resumo, os prefeitos exigem mais dinheiro para tocar seus governos. Porque 68% de todos os tributos arrecadados no Brasil vão direto para o governo federal, que todo mês redistribui um percentual para os Estados e municípios. No fim das contas, acaba assim: 58% da arrecadação fica em Brasília, 24% nos Estados e 18% nos municípios. 

No regime militar era bem pior, o governo federal centralizava quase todo o dinheiro e dizia onde deveria ser gasto. Não à toa os prefeitos e governadores eram nomeados, em vez de eleitos. Assim, ninguém gritava. A questão é que, de 1988 para cá, uma série de leis e emendas à Constituição foi obrigando Estados e municípios a lotearem seus orçamentos, limitando a possibilidade de investir onde bem entendessem. 

Por exemplo: na área da educação, há duas décadas, só o Ensino Fundamental era de responsabilidade das prefeituras. Depois, as creches entraram na conta, a educação infantil também, o Ensino Fundamental ganhou um nono ano, mas nenhum centavo a mais chegou aos municípios. A iluminação pública, que era paga pelos Estados, também passou para as prefeituras, e o Sistema Único de Saúde (SUS) começou a abocanhar um quinhão dos municípios que ninguém previra lá atrás. 

Já no caso dos Estados, vários deles faliram. Com a crise financeira do início dos anos 1990, contraíram dívidas impagáveis, a União aceitou comprá-las, mas em troca eles dão até hoje uma fatia expressiva de suas receitas mensais. Na mesma época dessa negociação da dívida, estatais e bancos estaduais foram privatizados ou quebraram, reduzindo ainda mais o faturamento dos Estados. 

Afinal, uma federação pressupõe independência administrativa, financeira e decisória para os entes federativos no caso, os Estados e municípios. É assim nos Estados Unidos, no Canadá ou na Alemanha, onde os governos locais têm suas próprias prioridades e investem no que acharem melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário