Brasília - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT-RJ), acusado de esquema de pagamento de propinas em sua pasta, foi afastado do cargo, na tarde deste domingo, após encontro com a presidenta Dilma Rousseff. Oficialmente, a saída do ministro se deu formalmente com apresentação de uma carta de demissão. Em menos de um ano do governo Dilma, Lupi é o sétimo ministro a cair e o sexto, sob acusação de irregularidades.
A defesa do ministro foi marcada por declarações polêmicas desde que as denúncias vieram à tona, no início do mês. Lupi chegou a dizer que só sairia “abatido a bala”. Depois, desculpou-se do tom agressivo e negou ter desafiado a presidenta, a quem fez juras deamor: “Dilma, eu te amo”. Em alusão à declaração, Dilma afirmara já na sexta-feira, na visita à Venezuela, que não era nada romântica, sinalizando que já preparava a substituição do ministro em reuniãoA situação do ministro do Trabalho se complicou depois que a Comissão de Ética da Presidência, na última quarta-feira, recomendou a sua exoneração, por considerar insatisfatórias as explicações sobre denúncias de irregularidades na pasta e o uso indevido de aeronave de um empresário que mantinha contratos com o governo através de uma Ong.
Para piorar, após a Comissão de Ética sugerir a sua saída, nova denúncia dando conta de que Lupi ocupara dois cargos públicos — na Câmara dos Deputados e na Câmara Municipal do Rio entre 2000 e 2005, o que é vedado pela Constituição — tornou a permanência do ministro insustentável, segundo interlocutores do governo.
Em nota oficial, Lupi se disse perseguido: “Tendo em vista a perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas; levando em conta a divulgação do parecer da Comissão de Ética da Presidência da República — que também me condenou sumariamente com base neste mesmo noticiário sem me dar direito de defesa — decidi pedir demissão do cargo que ocupo, em caráter irrevogável.”
Histórico de demissões
Carlos Lupi, que comandava a pasta do Trabalho desde o governo Lula, em 2007, é o sétimo ministro a deixar o governo Dilma. À exceção do ministro da Defesa, Nelson Jobim, demitido após criticar membros do governo,os demais saíram sob acusação de irregularidades: Antonio Palocci, Casa Civil, em 7 de junho, após denúncia de aumento de 20 vezes do patrimônio, quando era deputado federal; Alfredo Nascimento, Transportes, 6 de julho: pagamento de propinas por obras superfaturadas; Wagner Rossi, Agricultura, 17 de agosto: indiciado por fraude em licitações; Pedro Novais, Turismo, 14 de setembro: pagou governanta de sua casa com dinheiro público; Orlando Silva, Esporte, 26 de outubro, desvio de verba em convênios com Ongs.
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