RIO - Aplaudido na abertura do Footecon, Fórum Internacional de Futebol que começou nesta terça-feira no Copacabana Palace, no Rio, o ex-presidente da Fifa João Havelange não quis dar entrevista para comentar o seu desligamento do Comitê Olímpico Internacional (COI). Questionado após a abertura do Fórum, o ex-dirigente, de 95 anos, que deixou o COI para evitar ser condenado e expulso da entidade por suspeitas de corrupção, disse ao repórter do GLOBO:
- Me deixe em paz.
Havelange chegou ao Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio, acompanhado do ex-técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira e do atual comandante da equipe, Mano Menezes. O ex-dirigente recebeu muitos elogios e foi chamado de pai por Parreira.
- Queria agradecer a presença do maior dirigente esportivo que eu conheço. Uma pessoa que sempre trata todos bem. Mais do que um amigo, considero João Havelange um pai - disse o treinador, comandando uma espécie de desagravo ao ex-presidente da Fifa, que, em seguida, foi muito aplaudido.
Quem também elogiou o ex-dirigente foi a secretária estadual de Esportes e Lazer, Márcia Lins:
- Não dá para falar desta pessoa amada, nosso mentor. João Havelange mudou o futebol do mundo e o transformou no grande levantador de recursos que é hoje - disse.
A saída de Havelange foi confirmada pelo COI na segunda-feira. O dirigente foi membro do comitê por 48 anos e pediu o desligamento alegando problemas de saúde. De acordo com um comunicado da Fifa, Havelange teria entregue a renúncia com a garantia de que o conselho de ética do COI arquivaria o caso sobre um suposto suborno recebido pelo brasileiro quando era presidente da Fifa, entre 1974 e 1998.
Estava prevista para esta semana o anúncio do resultado das investigações de seis meses sobre o envolvimento de Havelange com a extinta ISL, empresa que negociava os direitos de TV da Fifa. A rede britânica BBC revelou a sentença de um tribunal suíço, de 2008, que aponta o brasileiro como beneficiário de um pagamento ilícito da ISL de US$ 1 milhão.
De acordo com a BBC, a Fifa conseguiu que os nomes de seus executivos, que teriam sido obrigados a devolver US$ 6,1 milhões, fosse preservado. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também foi acusado de participar do esquema.
Para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a saída de Havelange do COI não vai prejudicar a organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016:
- Eu creio que a renúncia às funções ocupadas nos órgãos internacionais é uma decisão de ordem pessoal de João Havelange. Ele é uma personalidade do mundo do futebol, com grande influência internacional, mas isso não irá prejudicar a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas - disse Aldo.
Durante sua visita à Footecon, o ministro voltou a garantir que todos os estádios para o Mundial de 2014 serão entregues dentro do prazo (leia mais aqui).
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