Araújo deu entrada no pedido com base em uma "ata de inspeção de saúde" do próprio Exército, na qual é considerado “incapaz definitivamente" para o serviço militar.
Segundo a assessoria do Comando Militar do Planalto, depois da tramitação do pedido, a aposentadoria do militar pode ser publicada em até 60 dias no "Diário Oficial da União".
A história de Araújo e do companheiro dele, Fernando Alcântara de Figueiredo, 38 anos, também segundo-sargento, foi revelada pela revista "Época", em maio de 2008. Na ocasião, ele já estava afastado do Exército por problemas de saúde.
Araújo chegou a ser preso, acusado de deserção (abandono) do serviço militar. Durante esse período, sofreu com crises de depressão. Araújo e Figueiredo argumentam que as crises foram agravadas, em parte, pelo preconceito que dizem ter sofrido em razão da relação homossexual. A assessoria do Comando Militar do Planalto informou que não se manifestaria sobre essa afirmação.
O laudo que permitiu ao militar pedir a aposentadoria afirma que Araújo tem “transtornos mentais”, “transtorno misto ansioso e depressivo”, "epilepsia" e "outras reações ao estresse grave".
O laudo, assinado por três militares, não o considera “inválido”. Por esse motivo, a aposentadoria, segundo Araújo, deve ser concedida de forma proporcional pelo Exército, de acordo com o tempo de serviço.
“Para mim, é uma imposição que eles [militares] estão fazendo. Vou me aposentar, mas ganhando menos do que eu recebo hoje. É como se eles quisessem se livrar de mim”, disse o militar ao G1.
Nascido em Natal (RN), Araújo entrou na carreira militar há 18 anos por meio do curso preparatório para sargentos do Exército. Chegou a Brasília em 1995, e logo conheceu Figueiredo.
Companheiro de Araújo, Alcântara também diz enfrentar resistências no Exército. Desde 2008, quando Araújo foi preso, Alcântara pediu licença do serviço militar.
Afastado dos trabalhos e sem receber remuneração, o sargento é responsável pelo Instituto Ser, que atende casos de militares vítimas de preconceito no meio militar. Embora ainda possa ser convocado pelo Exército, Alcântara não acredita que um dia possa voltar.
“Eu sinto que é como se eles [Exército] não merecessem minha presença. Por que pelo fato de eu ser homossexual meu sangue tem menos importância para eles que o de um heterossexual?", questiona o militar.
G1
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