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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Dilma mostra pegada na TV e Aécio patina na “mudança”

Pesquisa divulgada hoje mostra mesmos percentuais de último levantamento A propaganda de Dilma na reta final de TV mostra uma candidata mais definida em suas propostas do que Aécio. Ao eleitor-telespectador é oferecida uma visão de país que pode-se gostar ou não, acreditar ou não, mas está lá. Defesa dos bancos públicos, dos salários, de conquistas sociais. O tom está dado e é coerente com o que veicula sua propaganda há mais de dois meses. Um dos resultados é que a avaliação de governo vem melhorando de forma consistente, ultrapassando o patamar de 40% de ótimo/bom. A avaliação insuficiente de governo era vista, no início da corrida eleitoral, como o principal obstáculo à reeleição, deficiência que vem sendo superada ao longo da campanha de TV.
 Já a propaganda de Aécio parece ter estacionado na palavra mágica “mudança”, repetida à exaustão mas que, em nenhum momento, deixa claro que mudança exatamente seria esta além de um difuso sentimento (foi esta incapacidade de traduzir este desejo do eleitorado em plataforma palpável que murchou Marina no primeiro turno). Mudança para que voltemos a ter um sentido de nação, nos diz basicamente a candidatura tucana; nação unida, com ética, em torno a valores. Mas essas ideias correm o risco de soar ao telespectador como genéricas. Como estas diretrizes se traduziriam para a realidade concreta? O que elas significariam em termos de políticas econômicas e sociais? O que significa exatamente “tolerância zero com inflação”? Como esta tolerância zero vai mexer com o meu bolso? Em relação ao eleitorado de menor renda (42% dos eleitores têm renda familiar de até dois salários mínimos) o que Aécio propõe para melhorar suas vidas? Qual sua visão de futuro em relação a isto? O candidato anuncia como mudança, por exemplo, a ampliação do horário integral de educação, que a candidata governista já colocou em seus programas de TV como política sua em andamento; anuncia que manterá e ampliará o que é feito na área de saúde, mas não fica claro o que ‘manter’ e ‘ampliar’ tem a ver com a mudança desejada exatamente.
 Ao inflacionar a ideia de mudança – na sua aparição na última terça-feira (21) à noite Aécio repetiu a palavra 5 vezes tendo o hino nacional estilizado ao fundo – o candidato parece perder-se nela. Se livrar do PT não parece o suficiente como plataforma de futuro neste momento. Galvaniza o eleitorado anti-petista, OK, mas e o restante que não enxerga as coisas desta forma? É preciso oferecer mais. Sem suporte na vida cotidiana das pessoas, “mudança” vira um apelo, entre tantos outros.
 Nessa toada e confirmando-se a tendência de subida de Dilma nas pesquisas, vai restar a Aécio o decisivo debate da Rede Globo na sexta-feira para reequilibrar o jogo. Que cartas tem a jogar? A imprevisibilidade continua a marca das eleições 2014. Mas o tempo encurta.

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