Posso até ser presa por isso. Mas acorrentei os pés de meu filho para ele não fugir de casa e acabar morto na rua". A afirmação, às lágrimas, é da mãe de um menino de dez anos viciado em cheirar o solvente tiner. Segundo a família, a criança está marcada para morrer no bairro Santa Cruz, em Linhares, onde mora, por ter furtado objetos de moradores da região para sustentar o vício. Apesar dos problemas, a mãe ainda não conseguiu ajuda para internar o garoto.
"Eu comecei a cheirar neste ano. Um amigo me ofereceu e eu aceitei. Para comprar, a gente rouba algumas coisas para vender e comprar o tiner com o dinheiro. Eu me sinto feliz quando uso, mas queria parar", conta o menino, de apenas dez anos de idade.
A mãe, uma faxineira de 37 anos, está desesperada. "Tudo isso começou quando meu filho começou a andar com um rapaz daqui da região. Foi quando ele começou a furtar objetos de pessoas daqui do bairro para vender e sustentar o vício de cheirar tiner, além de os dois também comprarem e consumirem cigarros e bebidas", conta.
O padrasto, um trabalhador da indústria moveleira, de 33 anos, conta que a criança fica violenta quando cheira a droga. "Teve uma vez que ele roubou uma camisa do varal de um morador daqui. O vizinho trouxe ele, jogou aqui no quintal e ameaçou a gente. Além disso, sempre que usa o tiner, o garoto perde a cabeça: tenta agredir a mim e à mãe dele", conta.
A mãe conta que o filho e o colega também já roubaram bicicleta, roupas, celulares, entre outras coisas, de pessoas do bairro. "Queria até que ele fosse preso, mas a polícia diz que não pode. Aqui, já mandaram me avisar: 'se você deixar ele solto na rua, a gente mata ele'. Posso até ser presa por isso, mas o único jeito foi acorrentá-lo", lamenta.Segundo a mãe, ela já procurou o Conselho Tutelar para o filho ser tratado. Em resposta, os conselheiros afirmaram que o menino é muito novo para passar por uma desintoxicação. "Tem uma audiência judicial marcada para dia 22. Mas até lá, muita coisa pode acontecer. Preciso que ele seja internado, estou desesperada", afirma, às lágrimas.
O Conselho Tutelar de Linhares esclareceu, ao contrário da declaração anterior, que tem conhecimento do caso. A mãe procurou a instituição no dia 31 de outubro e todas as providências foram tomadas. Mas reitera que apenas o juiz titular da Vara da Criança e do Adolescente pode decidir sobre a internação do garoto. Em nota, a secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aconselhou a mãe a procurar uma rede de unidades de saúde e, caso haja indicação médica, o paciente será encaminhado para internação em um hospital de referência.
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